RAÇA DO DIABO - Parte II

Raça do Diabo. Assim eu os classifico, já que não encontro um adjetivo mais apropriado. Outra coisa: Se for pra ficar falando bonito, falo bonito com a minha mãe lá em casa, ou vou pedir pra discursar na Globo. Raça do Diabo, porque vi, ouvi e senti a indiferença dos conduzidos com relação às questões sociais. Sou traficante sim, e daí, exclama o "Docinho". Relato do preso: "Irmão, eu tenho arma, revólver, pistola, boto quente sim, vocês não sabem, vou pro Presídio, mas vou deixar alguém na função". 7 (sete), a conta da mentira, mas é verdade, é o número daqueles que estão felizes por reencontrar o cárcere ou fazer "nova vida" no cárcere. Não entendo, ninguém chora, ninguém esboça arrependimento, parece que o crime compensa e que "QUEM ESTÁ ERRADO SOU EU". "Djow", "Brou", "Vida Loka", "Mano", surge a Nova Gramática Brasileira, matando o que aprendi nas aulas de língua portuguesa, principalmente no tocante aos pronomes de tratamento. Raça do Diabo sim, que cria modinha, mata, contagia. Que me pergunta que horas vou "puxar o bonde pro presídio". O plantão já acabou, mas ainda não acabou a sensação que o errado sou eu. O que ainda dá uma força pra conduzir o Titanic rumo a extinção, é o fato que alguns ainda têm vergonha na cara e AINDA acreditam que um dia estaremos IMUNES a este seleto grupo da espécie humana, que eu insisto em chamar de RAÇA DO DIABO. Depois de 24 horas do flagrante, retornei ao "local insalubre" e, para minha surpresa, ou CERTEZA QUE TÔ ERRADO, me deparo com dois que exibiam um "Alvará de Soltura". Estavam lá para procurar a Identidade, o CPF, a correntinha de latão e até a GUIA que cruzava o peito, objetos que ficaram perdidos no plantão. Pela cara de um dos sujeitos, eu li o recado: "TAMU NA ATIVIDADE DE NOVO, MANO". Kelson Talibã Olivio - O Indignado.